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quinta-feira, 6 de agosto de 2009

ESCOLHAS!

A vida é uma seqüência de escolhas. Tudo o que vivenciamos é conseqüência do que escolhemos anteriormente. Ouço com muita freqüência que um determinado fato que envolve outras pessoas foi o que marcou definitivamente a vida delas. Não consigo acreditar nisto. Penso que o que acontece comigo não pode ser responsabilidade de mais ninguém.


Por exemplo, meu pai desencarnou quando eu tinha 04 anos de idade. É claro que isso não foi escolha minha e é obvio que este fato determinou grandes mudanças na vida de meus familiares. Minha família era composta pelos meus pais, meu irmão mais velho, duas irmãs e eu, a mais nova, "a raspa do tacho".


Minha mãe, uma mulher guerreira, ousada para a época, domadora de cavalos "xucros", dona de grande criatividade e de uma garra impressionante. Não temia quase nada. Ainda assim, sentia-se apoiada pelo marido e, quando ele se foi, sentiu-se sem chão. Afinal quem cuidava e sabia lidar com as finanças era meu pai. Uma semana depois da passagem do marido, contando somente com sua fé e coragem, minha mãe pediu a Deus uma mensagem, um sinal, e teve um sonho em que meu pai passou todas as coordenadas, dizendo que ela deveria fazer uma lista com as prioridades e atitudes que deveria tomar.


Vender os cavalos para tal pessoa, receber uma dívida de outra, e assim por diante. Depois de resolver essas questões, ela deveria entrar em contato com um irmão de Curitiba e pedir para construir uma casa com o dinheiro arrecadado com a venda dos bens que possuíamos. Por fim, deveria falar com outra pessoa conhecida que não lembro mais o nome, que arrumou o caminhão de mudança. E assim foi... Ela fez sua escolha.


Lembro-me da viagem muito longa e cansativa, eu junto com a minha mãe na cabine do caminhão, vindo de Irati para Curitiba. O esforço imenso da minha mãe para dar conta de tudo sozinha, das minhas irmãs tendo que sair para trabalhar desde cedo, do meu irmão morando fora para poder estudar e trabalhar, da minha infância correndo pelos campos, das brincadeiras após a chuva, eu e minha amiga (que conservo até hoje), pescando girinos nas poças, fazendo bolinhas de argila, caçando grilos e borboletas... Foi um tempo muito bom, apesar de todas as dificuldades.


Minha mãe se foi quando eu tinha 25 anos. Ela era meu porto seguro, quando lembro daquele fatídico ano, apaziguo minha alma, pensando "que bom que as coisas nunca se repetem", e que todos os dias são diferentes, nada é igual. Levei algum tempo para me situar e retomar o rumo, fiquei somente eu e minha filha, que na época tinha um ano de idade.


A orfandade não é uma situação fácil de encarar, mas ela pode ser considerada como um período de grandes aprendizados, justamente por só termos nós mesmos com quem contar. Não tem mais o colo aconchegante, o apoio incondicional da casa paterna etc.


Enfim, eu decidi escolher ser dona de mim mesma. Escolhi cuidar da minha vida e seguir adiante, aprendendo passo a passo. Cometi erros e também acertos, mas tudo me serviu de aprendizado. Quando digo que tudo - mas realmente tudo - é escolha, é dessa forma que vejo e que vivo. A partir das minhas próprias escolhas é que traço meu caminho.


Costumo dizer que justificativa para se lamentar e cometer erros todo ser humano tem, e sempre terá. É muito mais fácil responsabilizar os outros. Aliás, conheço um tanto de pessoas especialistas em se justificar o tempo todo, e encontrar "culpados" ao seu redor: sou assim porque nunca recebi carinho dos meus pais, porque minha mãe me abandonou, porque meu pai tinha uma amante, porque me superprotegeu, ou ainda não sou rico, porque a empresa não me valoriza, o governo, o país, o sistema etc.


Na verdade, enquanto nos preocupamos em encontrar responsáveis à nossa volta, não conseguiremos encontrar subsídios pessoais para sair de qualquer tipo de situação desagradável.
Portanto, faça suas escolhas com consciência. E se não for possível ter plena consciência, ainda assim continue fazendo suas escolhas. Acredite: não escolher nada também é uma escolha!