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sexta-feira, 6 de março de 2009

FILHOS - CUIDADO COM A INVERSÃO DE VALORES!

Tenho ouvido com frequência algumas queixas sobre o descaso dos adolescentes com as regras da casa, autoridade dos pais, com responsabilidades do cotidiano (estudos, tarefas domésticas, horários, alimentação etc). Lembro-me de que outrora, a família era totalmente diferente, os pais não planejavam seus filhos, pensava-se muito mais na mão de obra necessária para manutenção das plantações, ou de outras atividades desenvolvidas.

Os pais tinham pleno domínio sobre os filhos, nem sequer se cogitavam discussões. Cada um tinha um papel muito definido e também limitado: a mulher-esposa-mãe, o homem-esposo-pai-provedor, e aos filhos cabia a obediência, o respeito independentemente de qualquer tipo de tratamento.

As violências domésticas eram comuns e tidas como normais, e não havia nenhum tipo de constrangimento por esse tipo de atitude. Não se podia ter opinião própria, não havia oportunidades para escolher, e os que faziam à revelia, muitas vezes, eram deserdados e afastados do seio familiar.

Quanta mudança! A família nunca foi tão valorizada como nos dias de hoje. As crianças têm seus direitos humanos assegurados, os jovens têm liberdade de escolha, as mulheres escolhem se querem casar ou mesmo ter filhos, e os relacionamentos são respeitados, mesmo os menos convencionais. Mulheres dedicadas se tornam excelentes profissionais. A violência doméstica hoje em dia é amplamente rechaçada: quando ocorre e ficamos sabendo, através da mídia, causa horror e comoção.

Estamos mais humanizados, mais ternos, amorosos. Conseguimos demonstrar isto através de gestos carinhosos, beijos, abraços, palavras. Conseguimos ouvir e dizer aos nossos filhos "eu te amo". Mas temos que nos localizar neste espaço entre um tempo e outro. Ainda bem que não somos mais como "antigamente"! Mas não podemos deixar que os valores se invertam. Temos que manter "a casa em ordem".

A liberdade deve andar sempre acompanhada da responsabilidade. Nossos jovens estão cada vez mais sem direção, sem objetivos (chamo de “geração miojo” – fica pronto em minutos e não precisa nem mastigar). O período entre a infância e a vida adulta é sempre uma surpresa! Quando chega a tão temida adolescência, o que fazer com eles? Pra onde vai aquele filhote fofinho, dócil, carinhoso? Aquela menina dengosinha, companheirinha, que gostava de auxiliar nas tarefas domésticas, que dava beijo de boa noite?

Ah! Que bom seria se tivéssemos um armário e pudéssemos guardá-los por uns dois ou três anos lá dentro... Como não é possível, temos que saber administrar essa fase com paciência e com a certeza de que vai passar. Os limites são importantíssimos para o desenvolvimento da personalidade, e devem ser estabelecidos desde a infância.

Os adolescentes estão deixando de ser crianças, mas ainda não têm maturidade, é uma fase de transição. Cuidado com as cobranças: se o comportamento infantil não é mais tolerado, é necessário se acostumar também com as reações, opiniões contrárias, planos diferentes dos idealizados. Nos momentos difíceis, procure lembrar-se daquela figurinha linda no berço, que ao dormir causava uma sensação maravilhosa, enchendo os olhos e os corações de ternura e alegria, admirando aquele ser indefeso e pensando: "Meu Deus, parece um anjo!".

De repente, você tem em casa uma criatura "adolescendo", encrencando com tudo, resmungando, às vezes agressivo, indolente, preguiçoso etc. Mas acredite: é ele mesmo! Aquele anjo que era embalado até adormecer, e depois colocado cuidadosamente no berço. Os limites são imprescindíveis. Torná-los responsáveis por suas atitudes, mas sem deixar de expressar os sentimentos. O amor, a tranqüilidade, a serenidade são sempre os melhores ingredientes para os tempos mais conturbados.

Demonstrar confiança, dialogar e, principalmente, respeitar essa pessoa que, na grande maioria das vezes, revela-se diferente da forma idealizada. É preciso exigir o que estiver dentro das possibilidades de cada um: tarefas domésticas, organização do quarto, das roupas etc. Conceder pedidos razoáveis, sem fazer comparações, pois cada um tem suas próprias particularidades. E lembre-se: não existe nada melhor do que o seu próprio exemplo. O antigo chavão “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” além de denotar autoritarismo, é totalmente retrógrado, e com certeza não poderá gerar nenhum vínculo de confiança.

É importante estimular uma atividade extra. Nessa fase, os filhos precisam de uma identificação externa e, obviamente, se isso acontecer com um grupo saudável (esportes, artes-marciais, grupo religioso, escoteiro etc.) o resultado será satisfatório.

A paciência deve ser inesgotável, mas a tolerância deve ter limites! Não se deixe escravizar. Se você der mais do que tem ou pode, um dia se cansará, e deixará de ser o porto seguro de que seu filho tanto necessita.

Seja Feliz!

Maria

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